Os tons avermelhados ao entardecer, criam a espectativa do beijo que jamais acontecerá... Ao sentar sobre as rochas à beira do mar, à espera de um sonho longíquo, como será possível vencer o próprio desejo que arde no coração? As forças que jazem no interior são consumidas vorazmente, e já quase nao há mais reservas... O sentimento que vem à alma parece tão triste e tão vazio... Resta olhar para o infinito, de cima do monte próximo à enseada e imaginar o improvável... Apoiar o queixo sobre as mãos e respirar fundo... Deixar a mente livre para voar e, ao mesmo tempo, admirar a beleza solitária do porto, o quebrar das ondas junto às rochas, e seu movimento sinuoso ao longo das encostas... Ah... perceber as nuvens se mesclarem sobre as águas na linha do horizonte... E tentar esquecer, ou tentar transformar os milhões de sentimentos que vem à tona... A paisagem convida ao autoconhecimento, a um mergulho profundo em sí mesmo para verdadeiramente tentar compreender cada emoção, cada sentimento, cada desejo formulado no coração, observá-los com os olhos do espírito e pedir ao Grande Pai a sabdoria para discerni-los. Coração andarilho, coração rebelde, retorne ao que era antes de se partir... Aceite sua missão e n'ela compreenda o porque de sua caminhada, para que as vendas possam cair de sua face, e seus olhos possam observar o que há oculto ao seu redor, dismistificando aquele sentimento que havia dentro de você. Possa chegar o tempo em que seu antigor ser, abrace com amor o seu novo eu, e que, desta forma, possam unir-se (fundir-se) em um único conceito, em um único e novo ser.
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